na rua

mãos suadas
esboço de nervosismo
ou somente calor
passos largos
olhar distante
travessia
esquina
ao largo
não vejo ninguém
ao lado
a sombra
dos passos
me leva
e me traz
sem sentido
ou caminho
pés cansados
mãos calejadas
do peso dos anos
passos nervosos
ao dobrar a esquina
logo ali
chego em casa
fim da viagem

solar

eu
infinitamente
menor
que o sol
estendo a mão
e o coloco
no meio dos dedos

dia de chuva

dia de chuva
eu gosto de sentar
perto da janela
para ver
a água escorrer
no vidro
e na grama...
dia de chuva
no campo
é sempre assima água faz a festa
e eu assisto
a dança
dos pingos de chuva
da minha janela.

Taty
Original em 08/10/99 - 1h30min

palavras soltas na gaveta

abri uma gaveta
de onde sairam
lembranças
e traças espertas
que leram meus livros
espalhei coisas pelo chão
procurando um alfinete
que prendia algo
no passado...
as lembranças foram embora
levadas pelo vento
ficou um pouco
de poeira do tempo
e velhas cartas
de saudade.